Ajude os cientistas a descobrir as cigarras menos conhecidas de Portugal
O projeto Cigarras de Portugal quer descobrir onde se encontram algumas das espécies mais raras, entre elas a cigarra-verde-do-Alentejo, a mais ameaçada do país e também a mais pequena: mede apenas 17 milímetros de comprimento.

Sabia que em Portugal vivem 13 espécies de cigarras? Da próxima vez que ouvir o canto de uma cigarra, faça um registo áudio ou vídeo e partilhe-o, juntamente com a localização GPS, na plataforma Biodiversity4All: vai ajudar a criar um mapa atualizado da distribuição geográfica destas espécies, entre elas a cigarra mais ameaçada do país.
Foi no verão de 2019 que a equipa do projeto Cigarras de Portugal lançou o primeiro desafio aos portugueses: gravar o canto das cigarras que ouvissem no seu dia-a-dia ou em férias e partilhar com estes cientistas. É nesta estação quente que as cigarras emergem do solo, onde passam anos em desenvolvimento.
Os machos cantam incessantemente durante as curtas semanas de vida adulta que lhes restam para atrair as fêmeas para o acasalamento. E é através deste canto que é possível mapear onde vivem, pois o canto é específico de cada espécie.
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«Em 2019 recebemos centenas de observações, mas poucas das espécies menos conhecidas», explica Paula Simões, responsável pelo projeto, investigadora do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais – cE3c, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Em 2021, o projeto Cigarras de Portugal quer descobrir em particular onde se encontram algumas das espécies mais raras, entre elas a cigarra-verde-do-Alentejo (Euryphara contentei), a cigarra mais ameaçada do país.
É a cigarra mais pequena conhecida em Portugal – em média, tem apenas 17 milímetros de comprimento – e canta em vegetação baixa, nalguns casos limitada a estreitas faixas de vegetação ao longo da estrada. Como o seu nome indica, as poucas populações conhecidas desta espécie encontram-se na região do Alentejo, em particular perto de Beja e Estremoz.
«Quando em 2019 visitámos os poucos locais onde existe esta cigarra, percebemos que os números eram extremamente reduzidos. Em 2020 não houve registos desta espécie por conta da pandemia, mas em junho de 2021 regressámos aos locais e registámos uma melhoria importante. Agora queremos perceber se estas flutuações são cíclicas e se estão ou não associadas a variações climáticas ou mudanças no habitat», explica Vera Nunes, que também faz parte do projeto, investigadora do cE3c na Ciências ULisboa.
Outro exemplo é o cegarregão-abelhudo (Hilaphura varipes): também uma espécie rara em Portugal, da qual existem alguns registos não só no Alentejo, mas também em Lisboa e no Algarve, e que os cientistas procuram localizar através desta campanha.
Monitorizar as cigarras não é uma tarefa fácil: para além da escassez de recursos humanos, acresce a dificuldade de o trabalho de campo se concentrar nos poucos meses em que as cigarras emitem o seu canto, entre junho e agosto.
Pode colocar as suas dúvidas através das redes sociais do projeto Cigarras de Portugal – no Instagram, no Facebook ou no Twitter – ou contactar através do email cigarrasdeportugal@gmail.com.