Abortos de repetição: causas genéticas e fatores ambientais
O aborto espontâneo é uma adversidade que ocorre em cerca de 15% a 25% das mulheres que engravidam e a probabilidade de acontecer aumenta com a idade, podendo atingir valores acima dos 50%. O aborto de repetição é definido quando acontecem três abortos consecutivos.
O aborto é definido como uma perda fetal antes de 22 semanas de gestação ou a perda de um feto com peso inferior a 500 g. O aborto espontâneo é uma adversidade frequente, que ocorre em cerca de 15% a 25% das mulheres que engravidam e a probabilidade de acontecer aumenta com a idade, podendo atingir valores acima dos 50%.
Após um aborto, o risco de outro aborto espontâneo foi estimado em aproximadamente 23%; depois de dois abortos consecutivos, isso aumenta para 29% e depois de três o risco é de cerca de 33% se a causa for encontrada. O risco de um segundo aborto após um ou mais nascidos vivos é cerca de 20-25%. É sem dúvida um dos maiores reveses da vida reprodutiva de um casal e mesmo sendo um acontecimento comum deve requerer um acompanhamento médico particular e, por vezes apoio psicológico.
Aborto ou abortamento de repetição /recorrente (AR) é habitualmente definido como o evento de três abortos consecutivos, e sua prevalência ronda 1-5%. Atualmente um número apreciável de investigadores desta área médica têm substituído essa definição para duas ou mais perdas subsequentes.
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Assim o estudo mais aprofundado de uma situação de abortos de repetição (AR) que deveria ser feito depois de três perdas fetais pode ser desencadeado após a segunda perda. Inúmero trabalho e investigação foi realizada nos últimos anos, a fim de tentar encontrar as causas e desenvolver tratamentos para o AR.
As perdas no primeiro trimestre de gravidez representam 75% dos abortos de repetição e as perdas no 2º trimestre constituem os restantes 25 %. Mesmo que uma causa for encontrada, há sempre a possibilidade que abortos futuros possam ser devido a outro motivo, por outras palavras, eles são de uma natureza esporádica e, por conseguinte, qualquer tratamento que seja iniciado deve admitir a circunstância de que abortos futuros possam não ser devidos à condição que foi tratada.
As causas do aborto espontâneo recorrente podem ser anatómicas, genéticas/cromossómicas, ambientais, infeciosas, endócrinas, imunológicas, ou de origem masculina. Contudo, em cerca de 20% a 25 % dos casos nenhuma causa é identificada.
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Anomalias anatómicas
As anomalias anatómicas congénitas (como o útero septado e o útero bicórneo) e os distúrbios adquiridos, como os fibromiomas e as sinequias uterinas, são causas pouco frequentes de perdas repetidas de gravidez. A incidência de anomalias congénitas em mulheres com gestações normais é de aproximadamente 3%, o que é uma taxa semelhante à encontrada em mulheres com AR.
Nos casos em que haja uma maior distorção da cavidade uterina, pode haver um aumento do risco de aborto de repetição (o uso da ecografia 3D pode ajudar no estudo do útero), contudo, não há evidências de que o tratamento cirúrgico das anomalias uterinas melhore a probabilidade de gravidez ou diminua o risco de aborto espontâneo. Sabe-se, no entanto, que estas cirurgias podem causar cicatrizes uterinas e aderências a nível das trompas e assim aumentar a hipótese de infertilidade. Acredita-se que um septo uterino esteja associado a aborto recorrente com mais frequência do que o útero bicórneo e a presença de fibromiomas também pode aumentar o risco de aborto espontâneo se distorcerem significativamente a cavidade uterina.