A importância (vital) das bactérias intestinais para a saúde
Se a parede do intestino estiver debilitada, não há absorção de nutrientes, ou seja, a pessoa come, mas não se nutre. Saiba mais sobre a saúde do seu intestino e quais os alimentos que ajudam a equilibrar a flora.
Quando pensa em bactérias, talvez associe o termo a sujidade e doenças, mas saiba que não é bem assim. As bactérias são fundamentais para o equilíbrio dos ecossistemas e, apesar de serem associadas a doenças, muitas delas não são patogénicas. Na verdade, existem vários tipos de bactérias que vivem no organismo humano e este beneficia da sua presença.
Exemplo disso são as bactérias intestinais (veja a galeria com os alimentos que ajudam a equilibrar a flora). O intestino é responsável por cerca de 80% da produção de serotonina, um neurotransmissor que influencia o humor, o apetite sexual, o sono e o ritmo cardíaco, entres outros, no organismo. No caso de ocorrer um desequilíbrio na produção deste neurotransmissor, pode desencadear-se quadros depressivos. Além disso, quando a flora intestinal está desprotegida, alguns resíduos de alimentos entram na corrente sanguínea indevidamente.
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Quando isso acontece, o intestino envia ainda as ‘tropas’ para combater o inimigo, o que resulta muitas vezes no esgotamento das defesas naturais, pois a resistência diminui. Se a parede do intestino estiver debilitada, não há absorção de nutrientes, ou seja, você come, mas não se nutre.
O intestino, para além de produzir células que defendem o organismo, produz também hormonas e enzimas que direcionam os nutrientes dentro do corpo, possibilitando assim a digestão, o metabolismo e a absorção de nutrientes. É aqui que é feita a separação daquilo que deve entrar no organismo e aquilo que deve ser expulso pelo corpo através das fezes. Há mais bactérias boas do que más quando a flora intestinal se encontra equilibrada. Nestas condições, a parede do intestino consegue fazer perfeitamente a separação entre os nutrientes e os detritos como se fosse um filtro.
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As provas da ciência
Um dos maiores estudos populacionais sobre a variação da flora intestinal resultante da saúde, dieta e estilo de vida – ‘The Flemish Gut Flora Project’ – foi realizado pelo instituto belga ‘Flanders Institute for Biotechnology’. Este conseguiu identificar 69 fatores que influenciam a composição intestinal, entre eles o trânsito intestinal, a saúde, a dieta, a medicação, o sexo e a idade.
Através da análise de mais de 1000 amostras de fezes humanas, o grupo de investigadores estabeleceu várias correlações entre conportamentos de saúde, dieta e estilo de vida e a sua repercussão na flora intestinal. Um dado curioso foi terem identificado um grupo de bactérias prevalente em indivíduos que consumiam com regularidade chocolate preto. Este é apenas um dado entre muitos que mostram como a dieta influencia a flora microbiana.
Como se vê, cada vez mais surge informação a comprovar que a saúde do intestino é vital para o bem-estar de todos nós. Assim, para aumentar os microrganismos benéficos da flora intestinal, o nutricionista Alexandre Fernandes aconselha o consumo de probióticos, pois contêm na sua composição bactérias viáveis que afetam beneficamente o intestino e melhoram o balanço da microflora intestinal. Os probióticos encontram-se, de um modo geral, em produtos lácteos fermentados.
Pode ainda optar por aumentar o número de microrganismos já residentes no trato intestinal através do consumo de prebióticos – «substâncias alimentares não digeríveis que afetam beneficamente o hospedeiro pela estimulação seletiva do crescimento ou da atividade de um ou um número limitado de espécies bacterianas», explica o nutricionista. De acordo com o especialista, estas substâncias alimentares «estimulam as bactérias endógenas específicas do hospedeiro, no seu sítio de colonização».
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Os produtos integrais estão também relacionados com uma boa saúde do intestino, sendo o seu efeito mais visível o correto funcionamento do trânsito intestinal. Já de acordo com o site ‘Psysicians Committee for Responsible Medicine’, que reúne uma comunidade de médicos americanos, os alimentos fermentados à base de plantas melhoram a saúde das células intestinais, melhoram a função imunológica, diminuem as alergias, reduzem o risco de cancro do cólon e tratam da diarreia.
Na realidade, nós somos mesmo aquilo que comemos e a alimentação faz uma diferença gigante na regulação da flora intestinal. Ao longo do tempo, a microbiota, conjunto dos microrganismos de um ecossistema, forma colónias para combater a obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardíacas e até mesmo doenças autoimunes. Portanto, quanto maior diversidade em bactérias intestinais, maiores e melhores são os benefícios. Veja a galeria, no topo do artigo, e conheça os alimentos com bactérias intestinais que podem ajudar a (re) estabelecer o equilibro do seu intestino.