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A importância da abordagem holística numa intervenção estética

Sabemos que quando alguém procura o apoio da cirurgia plástica é porque considera que algo em si poderia ser melhorado, poderia ser diferente, mas até que ponto essa alteração é necessária do ponto de vista estético e mental?

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Enquanto cirurgiã plástica poderia pensar-se que o meu foco seria trabalhar o exterior, a parte física, que olharia para um paciente pelos seus defeitos e destacaria tudo o que o meu bisturi teria a possibilidade de melhorar em meia dúzia de horas. Porém, não encaro a cirurgia plástica dessa forma e tenho vindo a defender uma abordagem holística, 360º graus, aos pacientes que procuram melhorar a sua autoestima e promover a beleza natural.

 

Por isso, muitas das minhas primeiras consultas começam por avaliar a forma como o paciente se vê e, por norma, questiono qual seria o seu ideal e a forma como se encaram ao espelho. No fundo, o que tento perceber é até que forma a mente daquela pessoa está a distorcer, ou não, a maneira como se vê. Sabemos que quando alguém procura o apoio da cirurgia plástica é porque considera que algo em si poderia ser melhorado, poderia ser diferente, mas até que ponto essa alteração é necessária do ponto de vista estético e mental?

 

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Quando nos apercebemos que existe um distanciamento com a realidade, que aquilo que as pessoas veem ao espelho, a ideia que têm de si, não corresponde à realidade, estamos perante uma patologia conhecida em cirurgia plástica como dismorfia da imagem corporal (DIC). Esta patologia é bastante difícil de diagnosticar e pode levar ao fracasso total no tratamento de um paciente, mesmo depois do resultado alcançado ter sido um sucesso a nível médico e cirúrgico.

 

Isto tudo porque, mais uma vez, a mente tem uma forte componente em todo o processo e se a nossa mente considerar que aquele nariz, aquelas mamas, aqueles lábios não estão como foram idealizados, não importa o quão adequados ao corpo/rosto estejam, nem o quão bem sucedida tenha sido a cirurgia e a recuperação, a mente não vai ficar satisfeita.

 

A rinoplastia, por exemplo, é uma das áreas da cirurgia plástica em que o aspeto psicológico é fundamental. Diversos estudos têm comprovado que a grande maioria dos pacientes que se coloca nas mãos de um cirurgião plástico para alterar a estética do seu nariz sofre de baixa autoestima e esta é também uma das áreas onde os casos de dismorfia da imagem corporal são mais acentuados.

 

 

Considero que todos os pacientes devem ser avaliados a nível psicológico, fazendo uma consulta. Além disso, a gestão de expectativas é fundamental, e para tal devem ser realizadas fotografias com reconstrução tridimensional e cirurgia virtual para simular o aspeto final.

 

Cada caso é discutido entre a equipa médica e a de psicologia. O que se pretende é que o(a) paciente fique realmente satisfeito(a) com o resultado e que este contribua efetivamente para aumentar a sua autoestima, enquanto potencia a sua beleza natural, as suas proporções estéticas mas conservando a sua essência.

 

Outros casos onde o acompanhamento psicológico é de extrema importância são as cirurgias que envolvam a perda de peso, tais como, a lipoaspiração ou remoção de excesso de pele após perda drástica de peso. Nestes casos, o acompanhamento combinado entre psicologia (online) e nutrição (física ou online) são da maior importância, a fim de preparar o paciente para sua nova realidade, na gestão nutricional e emocional, o que evita o efeito ioiô e garante a manutenção de resultados estáveis, duradouros com manutenção de elevada autoestima.

 

Estes são apenas alguns exemplos que explicam a importância de uma abordagem física e mental aos pacientes, não se devendo jamais descuidar uma parte em detrimento da outra. Ambas estão intimamente correlacionadas e o seu equilíbrio é fundamental para potenciar a verdadeira autoestima das pessoas. Por isso mesmo, acredito que aquilo que faço seja mais do que cirurgia plástica, é sim psiquiatria cirúrgica, uma vez que a mente está no controlo do corpo, da interpretação da imagem e da autoestima.

 

Por Sofia Santareno

Cirurgiã plástica do Board Europeu e diretora clínica da The Dr. PURE Clinic

 

 

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