A ilusória felicidade das redes sociais
Com o aparecimento das redes sociais, colecionam-se vários momentos de felicidade meramente ilusória. A cada segundo alguém posta uma imagem de um momento ilusoriamente feliz. A casa maravilhosa, os filhos perfeitos, o corpo escultural, o trabalho excecional, a praia paradisíaca, meras simulações de uma vida esplendorosa, justamente para preencher a falta de uma vida.
Nunca se desejou tanto a felicidade como hoje, mas a obsessão por descobrir a receita mágica para a felicidade não é nova, é algo ancestral. Há 2.500 anos, já Aristóteles abordava o tema, sempre foi algo que fez parte do nosso pensamento, afinal a humanidade sempre ansiou alcançá-la. A única diferença é que nos nossos dias temos mais tempo livre, mais expectativas irreais quanto à vida e a felicidade tornou-se uma obrigação.
Com o aparecimento das redes sociais, colecionam-se vários momentos de felicidade meramente ilusória. A cada segundo alguém posta uma imagem de um momento ilusoriamente feliz. A casa maravilhosa, os filhos perfeitos, o corpo escultural, o trabalho excecional, a praia paradisíaca, meras simulações de uma vida esplendorosa, justamente para preencher a falta de uma vida. As pessoas mostram nas redes sociais o que gostariam de ser e não o que realmente sentem ou são.
Não precisamos provar nada ou outro, principalmente, aos amigos virtuais no Facebook ou aos seguidores no Instagram. Não necessitamos demonstrar que somos capazes de conseguir o emprego de sonho, ter um relacionamento invejável, filhos perfeitos, ir a festas incríveis, fazer viagens internacionais, isto não é felicidade. No final, o resultado é um “mar de infelicidade, apenas porque não entende o que é a verdadeira felicidade.
Não há vidas perfeitas, pessoas perfeitas, mas essa é precisamente a magia da vida e do ser humano, não permita que desapareça. Tenha em mente que a felicidade é um estado, e como estado que é não é possível estar feliz sempre, sem que isso se constitua um verdadeiro problema. A obsessão por ser feliz sempre, gera unicamente frustração, levando a um desânimo generalizado, uma frustração diária, que lhe impede de ver a realidade. Hoje multiplicam-se os best-sellers que prometem a tão almejada felicidade, mas sem identificar o propósito em tudo o que faz, será difícil alcançá-la.
Não tente limitar a sua felicidade a grandes acontecimentos de vida, aprenda a usufruir os pequenos momentos, os gestos simples. Valorize cada momento, com pouco se pode fazer muito. As expectativas têm um papel-chave na felicidade e podem tornar-se verdadeiramente perigosas, não deixe que condicionem a realidade. Avalie se o que deseja, o que lhe permitirá ser feliz, é desejado por si, ou uma mera imposição social. Não viva a aparente felicidade dos outros.
Não caia na teia da comparação, a felicidade não se mede, sente-se, vive-se. A felicidade advém do modo particular como vê a realidade e sente a vida, evitando comparações com a trajetória alheia. Uma equação simples, apenas descobrir, o que a si, o deixa verdadeiramente feliz.
Num cenário de isolamento social que vivemos, com preocupações ampliadas, não deixe que a positividade tóxica, a imposição de euforia e animação, impeça de sentir. Não ignore as suas emoções, meça a sua temperatura emocional e permita-se sentir triste. Não caia no mito de que basta pensar positivo para tudo ser feliz. Se factualmente não orientar o seu comportamento para tal, dificilmente será.
Não permita que as redes sociais limitem os seus gostos, a suas ideias, a sua identidade, não crie um “eu” através das expectativas alheias. Seja quem é, prometo que será verdadeiramente gratificante. Desafie-se e a partir de hoje seja quem é, sem filtros, sem máscaras, sem perfeição. Conheça-se, explore o seu potencial e descubra a felicidade.
Afinal uma vida cheia de felicidade inventada valerá o esforço?