A geração que não fala, só tecla!
Tecla-se demais, fala-se de menos. O resultado, esse é assustador. Vive-se de perceções, de suposições acerca da realidade e das pessoas que nos rodeiam. Os conflitos, uns camuflados, outros evidentes, são inúmeros, pois nada é clarificado, nada é falado, tudo é teclado. Perde-se as expressões faciais, o tom de voz, a real intenção da comunicação.
‘The human being is becoming increasingly more being than human’.
Independente do ano em que nasceu, hoje vivemos numa sociedade que tecla mais do que fala ou escuta o outro. Cultivamos uma sociedade individualista, com egos que se defrontam e esbarram diariamente. Uma sociedade extremamente teórica, sem muita prática e sem real interesse pelo outro.
Pede-se amor, sem saber que isso não é um favor. Pensamos demais e sentimos de maneira escassa e superficial. Foca-se o desenvolvimento na habilidade e esquece-se a bondade, a ternura, o sentir.
O parecer torna-se absurdamente mais importante do que o “ser”, acabando por originar o estranho hábito de apenas testemunhar e relatar o que nos cerca. Tudo é motivo para partilhar, teclar; nada é motivo para refletir e sentir. O resultado, uma deplorável dificuldade quando é necessário agir.
Há um real desconhecimento de como se comportar, como agir perante cada desafio que a vida coloca. Domina-se todas as técnicas de comunicação virtual, mas desconhece-se como encetar uma simples conversa.
Tecla-se demais, fala-se de menos. O resultado, esse é assustador. Vive-se de perceções, de suposições acerca da realidade e das pessoas que nos rodeiam. Os conflitos, uns camuflados, outros evidentes, são inúmeros, pois nada é clarificado, nada é falado, tudo é teclado. Perde-se as expressões faciais, o tom de voz, a real intenção da comunicação.
Mas não podemos esquecer que o mundo digital não pode substituir o mundo real. O mundo real tem pessoas reais, emoções reais, sentimentos reais, dificuldades e dilemas reais. No mundo real pode experimentar, “ensaiar” as suas ideias, colocar em prática as suas competências, contatar com a diferença, fazer escolhas, exercer a sua individualidade.
No mundo digital, apesar de o contato ser fácil e rápido com outras pessoas, não há as vivências do mundo real, vivências essas que ajudam a construir a realidade e a conferir-lhe propósito e significado.
Aceite o desafio e fale, não alimente o maior paradoxo desta sociedade. Permanecemos 24 horas ligados, mas estamos cada vez mais distantes, não falamos, apenas teclamos, “gostamos” ou comentamos.
Pense nisso…ou fale sobre isso!