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Colónias de gatos devem ser controladas para não afetarem populações de aves nas cidades

Tanto a presença de aves nas cidades como cuidar de gatos de rua melhora o bem-estar das pessoas. Um estudo realizado em Espanha destaca que este convívio deve ser organizado, de forma a que o excesso de gatos não prejudique a biodiversidade de pequenos animais nas cidades.

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Um estudo realizado em Madrid, Espanha, conclui que devem existir áreas nas cidades sem colónias de gatos de rua, para não afetarem demasiado as populações de aves residentes nos espaços urbanos.

 

O estudo analisou a reação de 694 aves de 34 espécies distintas na presente de colónias destes pequenos predadores, sendo que só em Madrid estão registadas 1171 colónias de gatos de rua.

 

São populações que recebem cuidados dos cidadãos proporcionando um efeito benéfico, não só para as espécies, mas também para as pessoas. No entanto, os felinos são predadores e a sua presença causa efeitos negativos nas populações de outras espécies urbanas, como as aves, alertam os investigadores.

 

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Uma equipa de investigadores do Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid (MNCN-CSIC) analisou como a presença das colónias de felinos afeta as aves observando as suas distâncias de voo antes da aproximação de um ser humano em condições padrão. «O facto de um pássaro voar mais cedo ou mais tarde quando uma pessoa se aproxima dá-nos dados sobre o seu medo», explica o pesquisador do MNCN, Mario Díaz.

 

«Quando a distância para a qual eles fogem é menor, ou seja, se eles permitem que nos aproximemos, significa que estão menos expostos às ameaças de predadores e que é mais fácil para eles se alimentarem e reproduzirem», ressalta. Para este trabalho, analisaram a distância de voo de 694 aves de 34 espécies diferentes, comparando as respostas em áreas com e sem colónias de gatos vadios, de acordo com um mapa fornecido pela Câmara Municipal de Madrid.

 

Trabalhando em áreas semelhantes em termos de paisagem urbana, número de pessoas ou disponibilidade de alimentos, que possuíam áreas próximas com ou sem colónias, constataram que nas áreas onde há colónias de gatos de rua a distância de voo das aves era 10% maior e as aves encontravam-se em lugares 33% mais altos do que em áreas onde não há gatos. «Os dados recolhidos confirmam que as colónias de gatos aumentam o medo das aves, o que diminui a sua abundância mesmo sem levar em conta os efeitos diretos da predação», diz Díaz.

 

«Para as aves, uma das vantagens das cidades é que abrigam poucos predadores naturais, como aves de rapina ou carnívoros. Os gatos selvagens eliminam essa vantagem, com efeitos negativos nas populações de aves», acrescenta.

 

Biodiversidade urbana

Cidades com áreas verdes e níveis mais elevados de biodiversidade contribuem para a melhoria da qualidade de vida e bem-estar dos seus habitantes. Favorecer a sobrevivência de algumas espécies em detrimento de outras é um dos efeitos causados ​​pela nossa intervenção na natureza. Às vezes, essa intervenção melhora a situação, mas outras vezes ocorrem efeitos colaterais indesejados, referem os investigadores.

 

É o que acontece com espécies mantidas como animais de estimação que se tornam invasoras, quando acidentalmente escapam ou são soltas na natureza. Também ocorre com a superproteção de espécies de caça como o cabrito montês ou o javali.

 

«No caso dos gatos vadios nas cidades, acontece algo semelhante. Nós alimentamos e favorecemos a sua expansão, mas essas dinâmicas também têm efeitos noutras espécies que devemos analisar e, se for o caso, deve-se fazer uma gestão que garanta a coexistência e os benefícios que ambos trazem às cidades», conclui o investigador.

 

Após a investigação, a equipa propõe estabelecer áreas da cidade em que a presença de gatos não seja favorecida ou fornecendo-lhes alimentos para permitir a convivência mais pacífica entre pássaros e felinos.

 

 

 

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